Na sua casa de S. Pedro de Moel,
Afonso Lopes Vieira teve, ao longo da sua vida, vários animais de estimação: uma
cabra, uma cadela, um cavalo ou um galo, são alguns dos que se conhecem.
A Sua afeição pelos animais levou-o a
escrever “Animais Nossos Amigos”.
A história da lápide, representada na
fotografia abaixo, está relacionada com o galo de estimação do Poeta, com o
qual este tinha uma forte relação. De facto, era com o canto madrugador do galo
“Chico” que o Poeta despertava quando se encontrava na sua casa de S. Pedro.
Depois da morte do galo, Afonso
Lopes Vieira mandou fazer uma lápide que colocou no pátio exterior, lado sul,
da sua casa em S. Pedro, assinalando,
supostamente, o túmulo do dito galo. Esta lápide, em calcário Lioz, com a
representação de um galo e do sol, apresenta a inscrição, em caixa alta: IN
MEMORIAM – MAIS ALTO QUE A CRUZ. Ora, esta “cruz” poderá estar relacionada com
o Cruzeiro existente mesmo ao lado da lápide do galo, e a expressão “mais alto
que a cruz” poderá estar ligada a uma qualquer qualidade que possuía o dito
galo: o canto? – o salto? Não sabemos. Se alguém souber ou quiser opinar…
Desconhece-se a data e o autor da
lápide mas sabe-se que pelo menos existem mais dois exemplares, um em posse do
Mestre Joaquim Correia (escultor) e outro na posse de D. Helena Barradas,
afilhada do Poeta.
Com esta lápide, A. Lopes Vieira
pretendia, assim, homenagear o seu galo de estimação “Chico”. Esta homenagem
foi ainda mais longe, já que o Poeta, ao decidir inaugurar esta lápide, deu
nesse dia, uma grande festa para os seus amigos, a que chamou a “Comenda do
Galo”. Desta festa existem três fotografias, cujos originais se encontram no
espólio do Poeta, guardado na Biblioteca Municipal de Leiria – Afonso Lopes
Vieira. Nestas fotografias, não datadas, publicadas na “Fotobiografia (de)
Afonso Lopes Vieira”, por Cristina Nobre, em 2007, podem ver-se alguns dos
convidados dessa festa, entre eles Calazans Duarte. É também visível um rapaz,
talvez com cerca de dez ou doze anos, identificado como Bartolomeu Cid dos
Santos, que veio a ser um grande pintor e gravador português. Ora, sabendo-se
que este nasceu em 1931, poderemos datar, aproximadamente, do início da década
de 40, do passado século, toda esta história.
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