Há séculos atrás, existia já em S.
Pedro de Moel uma pequena ermida de invocação a S. Pedro.
Alguns dados sobre esta ermida
são-nos dados em “O Couseiro – Ou Memórias do Bispado de Leiria”.
Recorde-se que esta obra, de autor
desconhecido, terá sido inicialmente escrita por volta do início do século
XVII, a ter em conta algumas passagens do texto em que o autor descreve
ocasiões decorridas em sua vida, como por exemplo: “Em meu tempo, no ano de
1605 (…)”. Esta obra, importantíssima para a bibliografia leiriense, foi
posteriormente aumentada no século XIX, sendo feita uma primeira publicação em
1868 e uma segunda em 1898. Já no século XX uma terceira edição de “O Couseiro”
foi feita em fascículos no Jornal “O Mensageiro”, entre Maio de 1978 e Setembro
de 1980. Mais recentemente, em 2011, a editora Textiverso, de Leiria, publicou
uma transcrição da edição de 1898.
Sobre a antiga capela de S. Pedro de
Moel diz o “Couseiro”:
“Havia também a Igreja de São Pedro
de Moel, antiga, que ora está no Distrito da Freguesia da Marinha; estava no
mesmo sítio, com a porta para o Mar e seu alpendre, e se descia por uns degraus
à capela (…); esta Ermida se reformou com esmolas dos devotos, e outras vezes
com esmolas do Cabido e das despesas. A Capela é de abobada, com muitos frisos
e arco de pedraria; a imagem do Santo é de vulto, e tem um só altar.
Devotos lhe faziam festa no mês de
Agosto, assim desta Cidade (Leiria), como de Alcobaça; e nesse dia, e no primeiro
de Agosto, que é o da festa das Candeias, há concurso de gente; e foi este
sítio muito frequentado (…)”.
Nos acrescentos que foram feitos já
no século XIX diz-se:
“Desta ermida só existem as ruinas
da capela-mor, sobre uma rocha, e parte do altar, que era de pedra e cal. O
corpo da ermida foi absorvido pelas ondas do Oceano. Neste mesmo sítio, mais
para terra, está outra capela de fundação posterior, que substituiu a primeira
e que é da mesma invocação, onde estão as imagens, de vulto, de S. Pedro Apóstolo
e de N. Senhora da Piedade.”.
Assim, substituindo a antiga capela,
conhecida por “Capela Velha”, a nova capela, mais para o interior, existia já
no século XIX, sem que se possa precisar a data da sua construção.
Esta nova capela viria a ser demolida
em 1954 para dar lugar à actual igreja, inaugurada em 1955.
Em 1938, o Eng.º Arala Pinto,
administrador da Mata Nacional de Leiria/Pinhal do Rei, na sua obra “O Pinhal
do Rei”, acerca da erosão na costa do Pinhal diz:
“A constituição da parte alcantilada
da costa, formada de rochas sedimentares marítimas, como as margas e os
calcários argilosos intervalados de sedimentos arenosos, todos de fácil
desagregação perante os agentes naturais, justifica o desgastamento notado em
toda essa parte do litoral (…).
Em S. Pedro de Moel igual gastamento
se deu, como se verifica com o que resta da antiga igreja de que nos fala “O
Couseiro (…)”.
Em “O Pinhal do Rei”, Arala Pinto
publica uma fotografia do que, em 1938, eram as ruinas da antiga “Capela
Velha”.
Com a construção da actual esplanada
desapareceram definitivamente todos os vestígios desta antiga capela. Foi então
colocado um marco, referenciando a sua existência naquele lugar, com os
seguintes dizeres:
NESTE
LOCAL DA CAPELA VELHA
JÁ
EXISTIA NA PRIMEIRA METADE
DO
SÉC. XVII A CAPELA DE
S.
PEDRO DE MOEL
(In: Pinto, Arala,
1938, O Pinhal do Rei - Subsídios, Alcobaça, Ed. Autor)
Marco na esplanada
indicando a existência da Capela Velha naquele local
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