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Bolo de Pinhão

            Dizem os historiadores que o Pinhal de Leiria ou Pinhal do Rei foi outrora maioritariamente constituído por pinheiros mansos, talvez a mata autóctone desses remotos tempos, e que  D. Dinis, no seu reinado (1279-1325), se terá interessado particularmente pelo Pinhal, tendo como objectivos principais segurar as areias que os ventos arrastavam para as terras do interior, prejudicando a agricultura, e a obtenção de madeira para futuro desenvolvimento da construção de barcos para uso no comércio marítimo e pescas.
            Consta que D. Dinis tendo conhecimento de uma espécie de pinheiro existente em França, com maior altura e melhor aprumo, o que lhe garantia melhor madeira para desenvolvimento da indústria naval, de lá mandou vir sementes dessa espécie para plantação no Pinhal Real, teoria cada vez mais posta em causa por novas descobertas que parecem indicar a existência de pinheiro bravo já nessa altura, embora de forma escassa.
            Na “Memória sobre o Pinhal Nacional de Leiria …” escrita em 1843 por Francisco Maria Pereira da Silva e Caetano Maria Batalha, diz-se: “O pinheiro bravo (Pinus marítima) é a árvore que mais abunda e domina quasi exclusivamente toda a superfície desta grande mata (…)”. Porém dava também conta da existência de alguns locais de pinhal manso, como “Junto ao alto da Cabeça Lousã (…) uma sementeira destes pinheiros mansos há mais de 50 anos. (…)”; e “Próximo ao aceiro do Rio Tinto, para a parte de S. Pedro de Moel, e junto à praia da Vieira”, embora referindo também que os da Cabeça Lousã “(…) pela má qualidade do terreno acham-se definhados e crescem lentamente.”; e os outros “ainda estão pequenos, por terem sido semeados depois da queimada de 1824”.
            Mais tarde foram semeados pinheiros mansos nos talhões 226, conhecido por Pinhal Manso, e 252, actual Parque de Merendas da Portela, manchas de pinheiro manso ainda hoje existentes.
            Embora no Pinhal do Rei, nos últimos séculos, a área de pinheiro manso seja diminuta, foi provavelmente em conjunto com matas privadas de pinheiro manso, e devido ao facto de a semente do pinheiro manso (pinhão) ser comestível, ao contrário da do pinheiro bravo (penisco), que se criou na Marinha Grande a tradição do bolo de pinhão, já muito desenvolvida no princípio do século passado.
            Porém, quase esquecida nos últimos tempos, esta tradição teve recentemente um novo impulso.
            Em 2006, a autora marinhense Maria do Carmo Norte, em “Sugestões da Avó Carmo”, publicou a tradicional receita do bolo de pinhão da Marinha Grande.
            Com base nesta tradição, a ADESER II, IPSS, através da pequena loja de produtos regionais “Saberes, Sabores e Costumes Marinhenses”, instalada à entrada do Jardim Stephens (junto à Câmara Municipal da Marinha Grande), comercializa actualmente o bolo de pinhão.
            Recorde-se que a ADESER II – Associação para Desenvolvimento Económico e Social da Região da Marinha Grande, IPSS “(…) é uma Instituição Particular de Solidariedade Social que promove projetos nacionais com aplicação a nível local, tendo surgido da necessidade de uma maior capacidade de intervenção na área social no concelho de Marinha Grande. Tem como missão o desenvolvimento integrado do Concelho da Marinha Grande prestando apoio na infância, juventude, idade adulta e idade sénior, procurando a sua integração biopsicosocial, assim como a preservação da identidade cultural e a formação profissional.”.
            Além do bolo de pinhão, a “Saberes, Sabores e Costumes Marinhenses” comercializa também outros produtos tradicionais, maioritariamente da região da Marinha Grande: licor de leite, doce e licor de camarinha, doce e licor de medronho, licor de amoras silvestres, etc. Refira-se também que o licor de leite é fornecido no tradicional frasco do vidreiro, havendo vários tamanhos.
            Para além dos excelentes produtos, há outra boa razão para fazer compras na “Saberes, Sabores e Costumes Marinhenses” já que toda a receita reverte a favor da ADESER II, ajudando assim a Associação a ajudar quem mais precisa.


Fabricante de bolo de pinhão – início do Século XX

Bolo de pinhão e licor de leite
Produtos da “Saberes, Sabores e Costumes Marinhenses”

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