Os modos de vida da população da
Praia da Vieira no princípio do século XX estão bem patentes nestas páginas
publicadas em 1912 na “Ilustração Portuguesa”, um suplemento do jornal “O
Século”.
Depois do elogio ao Rio Lis e às
soberbas paisagens que oferecia em todo o seu percurso de 25 Km, a referência
aos enormes problemas que a sua foz, ainda não completamente regularizada,
ainda vinha trazendo às populações locais, com “o mar, batido de norte” a
“erguer-lhe na frente dunas enormes como barreiras intransponíveis”,
obrigando-o a deslocar-se para sul e a “alastrar-se parte pelas terras
adjacentes esterilizando-as” como aconteceu quando, e como diz o relato: “a foz
do rio deslocou-se para 800 metros ao sul da sua situação primitiva. Está
iminente o mesmo desastre que se deu há anos com igual desvio. A torrente levou
adiante de si 130 barracas de pescadores, sem que houvesse esforços humanos
capazes de se opor a essa medonha obra de destruição”, deixando muitas famílias
“ de um momento para o outro baldeadas na maior miséria”.
São feitas referências ao molhe
construído para conter esta situação mas, ao que parece, “com intuito de
presumível economia”, aquele, mal construído, de pouco valia, dizendo-se: “não
sabemos quantas vezes o rio tem estragado a obra nova e quantas vezes ela tem
sido reparada”.
É visível também nestas páginas a
antiga ponte de madeira nas Tercenas e é feita também uma alusão à enorme
escassez de peixe que se fazia sentir naquela época, chegando ao ponto de se
dizer: “os desventurados pescadores da Vieira perderam a esperança de que o seu
mar volte outra vez a povoar-se (de peixe) como antigamente”.
In: Ilustração Portuguesa nº 356
de 16 de Dezembro de 1912
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